REALIDADES IMPRECISAS
Débora Bolsoni, Fabiana Queirolo, Flamínio Jallageas, Flavia Bertinato, Helena Martins Costa, Marcelo Amorim, Mariano Klautau Filho, Milena Travassos, Nino Cais, Orlando Maneschy, Tatiana Blass, Tatiana Ferraz e Thiago Honório
10/02/2009 às 20h a 19/3/2009
Sesc Pinheiros

Cotidiano inspira poética de obras em mostra coletiva por Mario Gioia
Baldes de plástico de R$ 1,99 que formam esculturas. Uma torneira colocada na parede de um espaço expositivo. Fotografias caseiras de festas familiares ampliadas e dispostas como banners em janelas. Os trabalhos da mostra “Realidades Imprecisas”, que é aberta hoje no Sesc Pinheiros, parecem sempre dar um sentido poético ao cotidiano.
Com obras de 13 artistas jovens, com idade média de 30 anos, a exposição coletiva reúne peças de diversos suportes, como pinturas, instalações, esculturas e vídeos, que comentam as ligações entre arte e realidade. “O recorte que fiz destaca como os artistas sempre buscam sensibilizar e dar uma nova significação ao mundo real.
Escolhi quem mais acompanho de perto pelo desenvolvimento da obra e, por isso, os trabalhos são muito diversos”, afirma a curadora de “Realidades…”, Carolina Soares, 32, ex-curadora do MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo) e que atuou como pesquisadora na 28ª Bienal de São Paulo.
Logo na abertura da mostra, no térreo, as cinco esculturas e os cinco objetos do paulistano Nino Cais, 39, exemplificam de modo claro a tese da curadora.
As esculturas no centro da sala são formadas por objetos baratos, como baldes, bancos e vassouras, que, rearranjados, servem de apoio a vasos de plantas e flores.
“Meu trabalho fala constantemente do cuidar. Para sobreviverem, as plantas precisarão de cuidados, em meio a esses rearranjos de peças banais e que agora estão num espaço de exposição”, conta o artista. Outros cinco objetos de Cais têm como base páginas de uma revista feminina publicada na Itália nos anos 60, que ganham colagens feitas pelo artista.
Nas janelas da entrada do Sesc, o goiano Marcelo Amorim, 31, ampliou 32 fotos de seus registros familiares para discutir a identidade.
“Jogo com a presença e a ausência da minha figura em diferentes tempos.” Já a mineira Flávia Bertinato, 28, apresenta uma instalação repleta de cortinas na cor vinho, com canção de Ennio Morricone ao fundo.
“A música alegre seduz o público para entrar no espaço, mas não há nada especial para ver.” A paulistana Tatiana Blass, 29, apresenta cinco novas pinturas, que têm o palco teatral como foco principal. “Às vezes o espaço está vazio, às vezes tem personagens que não identificamos logo. Tem um quê de mistério essa série”, conta ela.
A incerteza das obras de Blass encontra eco em outras peças da exposição, como nas fotografias oníricas do paraense Mariano Klautau Filho e na improvável torneira da carioca Débora Bolsoni, colocada discretamente em uma das paredes dos espaços de exibição da mostra, no terceiro andar.